PT.
Florbela Espanca e Natália Correia são dois importantes nomes da literatura portuguesa; ambas lutaram pela igualdade de tratamento entre homens e mulheres. Além disso, falaram sobre sensualidade e sexualidade, temas proibidos nas sociedades de então.
Florbela (1894 – 1930) escreve sobre sentimento, amor, sofrimento, saudade, solidão; Natália Correia (1923 – 1993) é uma mulher de paixões, convicções e várias lutas ao longo da sua vida, características que transparecem na sua escrita.
EN.
Florbela Espanca and Natália Correia are two important portuguese writers; both fighted for an equal treatment between men and women. Besides that, they talk about sensuality and sexuality, forbidden themes in the societies of each times.
Florbela (1894 – 1930) write about feeling, love, suffering, longing, loneliness; Natália Correia (1923 – 1993) is a woman of passions and struggle and we can find this in her words.
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FLORBELA ESPANCA
“É ela a poetisa do soneto. Os seus versos falam de amor, de sofrimento, de saudade, de solidão. Florbela Espanca (1894-1930) escreve o primeiro poema aos 8 anos e aos 25 publica o primeiro livro. Chamou-lhe “Livro de Mágoas”, afinal a história da sua vida.
Começa a fazer versos muito cedo, aos oito anos, quando “já as coisas da vida me davam vontade de chorar”. Desde menina, Flor Bela de Alma da Conceição Espanca vive de forma intensa e dramática. Serão sempre as emoções, os sentimentos, matéria da sua poesia, escrita intuitiva e reveladora do mais íntimo de si.
Mas esta voz feminina que ousa falar da sensualidade, não é aceite nos mais exigentes círculos literários. As críticas causam-lhe desgosto. No entanto, são muitos os admiradores, os leitores, que se identificam com o seu tom confessional. E o seu génio é confirmado e reconfirmado até hoje, nas sucessivas reedições dos seus livros. O primeiro,”Livro de Mágoas” é publicado em 1919. Quatro anos depois sai “Soror Saudade”, a monja que é para muitos uma espécie de heterónimo.
Florbela, nasceu em Vila Viçosa em 1984. Filha ilegítima, só postumamente foi reconhecida pelo pai, homem da burguesia. Contudo, não foi por isso que teve uma infância mais infeliz.
Viveu alheia às convulsões políticas que acompanharam os primeiros tempos da República, mas pertencia ao núcleo de mulheres que desafiava convenções. Foi das poucas a estudar Direito na Faculdade de Lisboa e, sempre que lhe apetecia, usava calças, indumentária exclusiva do sexo masculino.
Desgostos na vida teve muitos. No amor, três casamentos, dois divórcios e muitos enamoramentos falhados, promessas de felicidade que não se cumpriam. Depois, a morte inesperada e violenta do irmão, os filhos que não teve.
Terá sido uma vida de tormentos, inquieta curta vida que se fez “poesia viva”, no dizer de José Régio. A obra prima, “Charneca em Flor” sai depois de ter desistido de viver, aos 36 anos.”
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NATÁLIA CORREIA
“Natália Correia (1923 – 1993), mulher de paixões, casou quatro vezes ao longo dos seus 70 anos. Fez televisão, foi jornalista, dramaturga, poetisa e estreou-se na ficção com o romance infantil «Aventuras de um Pequeno Herói», em 1945.
Nasceu nos Açores em 1923 e aos 11 anos desloca-se para Lisboa. Foi jornalista no Rádio Clube Português e colaborou no jornal Sol. Ativista política: apoiou a candidatura de Humberto Delgado; assumiu publicamente divergências com o Estado Novo e foi condenada a prisão com pena suspensa em 1966, pela «Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica».
Deputada após o 25 de Abril, fez programas de televisão destacando-se o “Mátria” que apresentava o lado matriarcal da sociedade portuguesa.
Fundou o bar “Botequim”, onde cantou durante muitos anos, transformando-o no ponto de reunião da elite intelectual e política nas décadas de 1970 e 80.
Organizou várias antologias de poesia portuguesa como “Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses” ou “Antologia da Poesia do Período Barroco”.
Natália Correia foi uma versejadora de êxito, uma mulher carismática com uma vida social intensa, não fez concessões à mediania e notabilizou-se por uma vasta obra intelectual.”